sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Dúvidas


projetos e mais projetos, só não tenho tempo para realizar todos. Projetos solitários, com a esposa, com os amigos, projetos para todo gosto. Uma vida é pouco para a quantidade de coisas que desejamos fazer... multiplicar o tempo para não perder a vida ou multiplicar a vida para não perder tempo? Só sei que perco muito dos dois, como todo mundo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Palavras tristes

Palavras são como a textura imprevisível do sonho. Às vezes nos levam ao paraíso, outras nos lançam ao inferno. Hoje, um inferno de palavras, repetidas, trituradas, apodrecidas, bagaços de palavras. E um cheiro ruim e constante de incompreenção. Amanhã, porém, sei que, mudas, as palavras nos devolverão ao fluir tranquilo de nossos desejos, de nossa vida feliz.  

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Chuva e vida


Tarde sem espaços para respirar. De um lado o trabalho, do outro a energia do filho. Lá fora a chuva que, indiferente à vida, insiste em cobrir tudo. Uma névoa pesada sobre prédios e sobre minha vontade de fazer as coisas. Francisco, porém, não sabe de nada, nem da chuva nem das lembranças que ainda não tem. Eu e ele, sozinhos, remoemos nosso pequeno mundo. Num gesto com a mão para cima e o olhar voltado para o janelão de vidro de nossa sala, com a língua que é só sua, ele me diz que o seu mundo é muito maior e surpreendente que o meu. Eu que deixo a gravidade do vivido atrapalhar os vôos da vida. Poderei, um dia, aprender com ele?

domingo, 16 de agosto de 2009


Semana de festival: o sétimo festival recifense de literatura , "A Letra e a Voz". A vida literária muitas vezes se incompatibiliza com a própria literatura. Tende a seduzir jovens autores que falam já em uma obra, a sua "obra", tendo publicado dois ou três livrinhos. Para além das contradições inevitáveis que um festival literário apresenta e sempre apresentará, a iniciativa é fundamental. Para além dos supostos gênios pueris e dos plantonistas da fama literária, coisas instigantes do festival: Heloísa Buarque de Holanda (organizadora de duas antologias essenciais para a discussão e o debate sobre poesia brasileira contemporânea - 26 poetas hoje e Esses poetas, anos 90); professores estrangeiros, ou nossos que lá fizeram casa como Saulo Neiva que estuda a épica na produção poética contemporânea e leciona na Blaise Pascal. Cristovão Tezza, autor de O Filho Eterno, que ainda não li, embora me pareça um livro que se mostra necessário em meio a tantas inutilidades. Devo vencer uma certa resistência em relação ao Tezza, que me parece ser um bom escritor. A origem de minha resistência? a completa incompreensão do valor da obra de Osman Lins, registrada num infeliz artigo publicado a alguns anos. Minha discordância é completa em relação ao julgamento que ele fez da obra osmaniana. 
Por falar em contradizer a inutilidade geral contemporânea, teremos ainda Ronaldo Correia de Brito, ganhador do prêmio São Paulo, com seu Galiléia (livro mais que necessário!), a poesia de Lenilde Freitas e Everardo Norões (que não recitará, mas apresentará uma mesa na quinta sobre as relações da literatura francesa e brasileira). Esses são os dois mais interessantes nomes da poesia pernambucana atual. 
Enfim, dai a festa o que é da festa, sem esquecer o que é da literatura. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

As marcas do lugar

Uma casa: quarto, terraço, sala. Um lugar: jardim, praça, onde pousar. Este espaço. Um lugar da palavra e da fala, espaço-escrita para as tardes vagas, as noites insones, os dias livres. Toda casa é lugar de quem chega e que cada um traga a sua própria fala.