terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Poema de Agripino da Silva (poeta simbolista levantado pela minha pesquisa sobre o simbolismo em Pernambuco)

Ocaso das Constelações


O azul flavesce; o azul cintila; o azul corusca.
Flori, viça o rosal punício da alvorada.
A noite, em desalinho a cabeleira fusca,
Dorme: a noite desperta à estrela serenada...

Erra, smorça a canção dos astros... Ampla e brusca,
A luz irrompe, a luz derrama-se dourada;
Espalha-se, percorre o Éter; e desce em busca
Da terra, à sebe, à serra, à balseira, à esplanada.

A noite ergue-se, entrança as madeixas profusas
E foge. Áurea, a manhã reponta; vem sorrindo.
As gemulas do orvalho irizam-se difusas.

O poente sideral dissipa-se. De rastros,
– homem-réptil – bendigo o aprazimento infindo
De ouvir, de olhar surpreso, os adeuses dos astros.

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