domingo, 16 de agosto de 2009


Semana de festival: o sétimo festival recifense de literatura , "A Letra e a Voz". A vida literária muitas vezes se incompatibiliza com a própria literatura. Tende a seduzir jovens autores que falam já em uma obra, a sua "obra", tendo publicado dois ou três livrinhos. Para além das contradições inevitáveis que um festival literário apresenta e sempre apresentará, a iniciativa é fundamental. Para além dos supostos gênios pueris e dos plantonistas da fama literária, coisas instigantes do festival: Heloísa Buarque de Holanda (organizadora de duas antologias essenciais para a discussão e o debate sobre poesia brasileira contemporânea - 26 poetas hoje e Esses poetas, anos 90); professores estrangeiros, ou nossos que lá fizeram casa como Saulo Neiva que estuda a épica na produção poética contemporânea e leciona na Blaise Pascal. Cristovão Tezza, autor de O Filho Eterno, que ainda não li, embora me pareça um livro que se mostra necessário em meio a tantas inutilidades. Devo vencer uma certa resistência em relação ao Tezza, que me parece ser um bom escritor. A origem de minha resistência? a completa incompreensão do valor da obra de Osman Lins, registrada num infeliz artigo publicado a alguns anos. Minha discordância é completa em relação ao julgamento que ele fez da obra osmaniana. 
Por falar em contradizer a inutilidade geral contemporânea, teremos ainda Ronaldo Correia de Brito, ganhador do prêmio São Paulo, com seu Galiléia (livro mais que necessário!), a poesia de Lenilde Freitas e Everardo Norões (que não recitará, mas apresentará uma mesa na quinta sobre as relações da literatura francesa e brasileira). Esses são os dois mais interessantes nomes da poesia pernambucana atual. 
Enfim, dai a festa o que é da festa, sem esquecer o que é da literatura. 

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